Sao Leonardo de Galafura
El Mirador de São Leonardo en la
Freguesia de Galafura, municipio de Peso da Regua, ofrece una espectacular
panorámica sobre el rio Douro.
Este era uno de los lugares preferidos
por el gran escritor Miguel Torga, nativo de de São Martinho de Anta, población
que se encuentra a unos 19 kilómetros del mirador.
Torga dejo testimonio escrito en su obra
de su aprecio por este magnÃfico paisaje.
São Leonardo de Galafura
À proa dum navio de penedos,
A navegar num doce mar de mosto,
Capitão no seu posto
De comando,
S. Leonardo vai sulcando
As ondas
Da eternidade,
Sem pressa de chegar ao seu destino.
Ancorado e feliz no cais humano,
É num antecipado desengano
Que ruma em direcção ao cais divino.
Lá não terá socalcos
Nem vinhedos
Na menina dos olhos deslumbrados;
Doiros desaguados
Serão charcos de luz
Envelhecida;
Rasos, todos os montes
Deixarão prolongar os horizontes
Até onde se extinga a cor da vida.
Por isso, é devagar que se aproxima
Da bem-aventurança.
É lentamente que o rabelo avança
Debaixo dos seus pés de marinheiro.
E cada hora a mais que gasta no caminho
É um sorvo a mais de cheiro
A terra e a rosmaninho!
A navegar num doce mar de mosto,
Capitão no seu posto
De comando,
S. Leonardo vai sulcando
As ondas
Da eternidade,
Sem pressa de chegar ao seu destino.
Ancorado e feliz no cais humano,
É num antecipado desengano
Que ruma em direcção ao cais divino.
Lá não terá socalcos
Nem vinhedos
Na menina dos olhos deslumbrados;
Doiros desaguados
Serão charcos de luz
Envelhecida;
Rasos, todos os montes
Deixarão prolongar os horizontes
Até onde se extinga a cor da vida.
Por isso, é devagar que se aproxima
Da bem-aventurança.
É lentamente que o rabelo avança
Debaixo dos seus pés de marinheiro.
E cada hora a mais que gasta no caminho
É um sorvo a mais de cheiro
A terra e a rosmaninho!
«O Doiro
sublimado. O prodÃgio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se
desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso de natureza.
Socalcos que são passados de homens titânicos a subir as encostas, volumes,
cores e modulações que nenhum escultor pintou ou músico podem traduzir,
horizontes dilatados para além dos limiares plausÃveis de visão. Um universo
virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela
serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se
furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu
próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta».
Miguel Torga in" Diário XII" | S. Leonardo
de Galafura, 8 de Abril de 1977
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