Marialva por los ojos de José Saramago
Así describe José Saramago sus impresiones en el castillo, durante su visita a la bonita aldea histórica de Marialva en su libro Viagem a Portugal.
«O
viajante entra no castelo, (...) vai à descoberta do que, a partir deste dia,
ficará sendo, no seu espírito, o castelo da atmosfera perfeita, o mais habitado
de invisíveis presenças, o lugar bruxo, para dizer tudo em duas palavras.
Neste
largo onde está a cisterna, onde o pelourinho está, dividido entre a luz e a
sombra, adeja um silêncio sussurrante. Há restos de casas, a alcáçova, o
tribunal, a cadeia, outros que não se distinguem já, e é este conjunto de
edificações em ruínas, o elo misterioso que as liga, a memória presente dos que
viveram aqui, que subitamente comove o viajante, lhe aperta a garganta e faz
subir lágrimas aos olhos.
Não se diga daí que o viajante é um romântico,
diga-se antes que é homem de muita sorte: ter vindo neste dia, nesta hora,
sozinho entrar e sozinho estar, e ser dotado de sensibilidade capaz de captar e
reter esta presença do passado, da história, dos homens e das mulheres que
neste castelo viveram, amaram, trabalharam, sofreram, morreram.
O viajante
sente no Castelo de Marialva uma grande responsabilidade. Por um minuto, e tão
intensamente que chegou a tornar-se insuportável, viu-se como ponto mediano
entre o que passou e o que virá. Experimente quem o lê ver-se assim, e venha
depois dizer como se sentiu.»
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